Desaparecido em nome da aerodinâmica, mas tinha seus fãs
Olá olá: estamos de volta com mais uma Pergunta da Semana. Desta vez, fomentada por uma paixão que trago comigo. Definitivamente, adoro Fuscas e tudo o que gira a seu redor. Se para muitos dirigir um desses é vergonhoso, ou mesmo tarefa complicada, para mim não é nada além de terapêutico. A pureza mecânica, o cheiro, o tato direto…e os quebra-ventos!
Sim, eles existiram. Ou você se esqueceu disso? Em uma época em que a aerodinâmica era devaneio ou loucura, a admissão do ar atmosférico, com o carro em movimento, poderia ser considerada caótica. Junte-se a isso as tecnologias arcaicas de produção dos vidros e também dos mecanismos de ascensão ou descida dos mesmos e temos uma área morta nas portas dianteira, comumente de perfil triangular, que deveria ser esquecida por ali mesmo.
Mas isso até o dia em que algum gênio pensou em pivotar aquilo pelo meio, dotar de uma trava e voilà! Como o interior ficava mais arejado com aquele pequeno pedaço de vidro rotacionado a 150°! Um simples defletor, que ajudava a refrigerar a fuça do motorista e do eventual passageiro, não é mesmo? A coisa era tão interessante que alguns carros já favorecidos pelo avanço tecnológico nasceram sem o citado equipamento, mas findaram por adquiri-lo com o tempo. É o caso do Chevette, igualmente adorado por esse humilde escriba, que nasceu sem o item em 1973, vindo a ganhar na reestilização de 1982.
Então você se pergunta: “quem matou o quebra-vento?”. A resposta está na ponta da língua, meu caro: a aerodinâmica! Embora ótimo para a ventilação, o quebra-vento aberto era uma aberração em termos de arrasto do ar. E, no alumiar dos anos 1980, os vidros passaram a ser mais rentes à carroceria. Novamente, em nome da aerodinâmica. Lembre-se do Uno em 1984, frente a seus contemporâneos, que você entenderá o que se passava. Para esta natureza construtiva, o quebra-ventos era um estorvo, indo em direção contrária à tentativa de maior nivelamento da carroceria em prol de um menor coeficiente aerodinâmico.
Mas que faz falta, faz. Um domingo de sol, um Fusca, um K7 do Tim Maia, a patroa/patrão ao lado, o cachorro no banco de trás e a felicidade no peito. E o vento na cara, logicamente. Recentemente, em visita ao Rio de Janeiro, uma volta noturna com o editor Fábio Perrotta Jr e seu Fusca azul pela orla carioca tornou minha noite de sono bem mais feliz. E lá estava o quebra-vento, logicamente. Não nego: sou daqueles que não compra carro para o dia-a-dia sem ar condicionado. Mas por quantas vezes, após um dia atribulado, é revigorante abrir os vidros, colocar uma música gostosa e desfrutar do vento ambiente? Nessas horas, o quebra-vento é um excelente coadjuvante.
E você, o que tem a dizer do quebra-vento? Sente saudade ou está devidamente confortável andando de vidros fechados e ar condicionado ligado? Tem alguma história para contar relacionado ao finado equipamento? Vamos, converse conosco!
E até a próxima!